A obesidade é hoje considerada uma das doenças mais prevalentes entre crianças e adolescentes e a OMS estima que em 2025 haverá 75 milhões de crianças obesas no mundo. A falta de cuidado com a alimentação, com excesso de consumo de produtos processados/industrializados associada à redução de atividade física estão a contribuir para aumentar os números desta doença que atinge todas as idades e todos os níveis sócio-económicos.
Mesmo quando o peso está dentro do considerado “normal”, muitas das crianças apresentam uma alimentação desadequada e maus hábitos alimentares.
As crianças e adolescentes com obesidade ou excesso de peso precisam de ser detetados precocemente, porque o risco de desenvolverem outras doenças associadas como hipertensão arterial, dislipidémia e diabetes é tanto maior quanto mais cedo se instala e mais tempo perdura. Para além disso não nos podemos esquecer de todos os problemas psicológicos que se vêm a associar provocadas pelo estigma de “serem gordinhos”. Salientamos também que uma criança obesa apresenta maior risco de permanecer acima do peso na fase adulta, tendo como consequência, uma redução da sua expetativa de vida, por todas as doenças associadas ao excesso de peso (doença cardiovascular, diabetes, cancro…).
Os primeiros 1000 dias da criança são fundamentais para esta prevenção e a escolha dos alimentos para crianças e bebés é fundamental.
Atualmente as recomendações da OMS para prevenir a Obesidade Infantil são:
Nos bebés e crianças pequenas:
- Início precoce da amamentação (especialmente na primeira hora de vida)
- Introduzir a alimentação complementar com alimentos nutricionalmente adequados e seguros
- Manter a alimentação de sólidos acompanhada de leite materno se possível até aos 2 anos.
Nas crianças mais velhas e adolescentes:
- Limitar a ingestão de gorduras e açúcar
- Aumentar o consumo de frutas e legumes
- Praticarem exercício físico regular (60 minutos por dia)
E o que pode a Família fazer para prevenir a Obesidade?
- A participação ativa da família (avós incluídos) é fundamental na prevenção da obesidade, através da promoção de bons hábitos alimentares, nomeadamente no que diz respeito ao consumo de frutas, legumes e verduras e reduzir a oferta de alimentos com quantidades elevadas de açúcar, sal e gordura. Devem também ser evitados refrigerantes e sumos artificiais.
- As refeições devem ser feitas em família e os pais devem ser um modelo no consumo de alimentos saudáveis. Devem observar os sinais de fome e de saciedade dos filhos e não corrigir comportamentos ou trocar afetos através da alimentação (ex: “se te portares bem dou-te um chocolate”).
- A família deve perceber que a reeducação deve ser de todos, não só dos pequenos ou de quem tem predisposição para a obesidade.
- Outra questão fundamental é compreender que a criança não tem que comer tudo, mas sim o suficiente. Respeitar a saciedade é importante.
- Se a criança recusa o almoço, este não deve ser substituído com snacks ou apenas com alimentos que ela gosta. Apresente alimentos novos e de formas diferentes.
- Por último, sejam um exemplo na alimentação. Não adianta insistir com os filhos para comer sopa se os pais não comem
- A família deve ainda modificar o seu comportamento sedentário e estimular a criança a ser mais ativa substituindo atividades em família ao ar livre, como caminhadas, passeios de bicicleta, andar de patins pelas múltiplas horas em frente à TV, computadores, tablets e telemóveis.
O risco de excesso de peso e obesidade aumenta em confinamento porque o risco de erros alimentares e a diminuição de atividade física também aumenta. É por isso fundamental neste período criar uma rotina que respeite o horário das refeições e que permita manter algum tipo de atividade física (ainda que dentro de casa).
